sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Dalbert

(antes de ler esse post, leia o primeiro post da série)

Meu segundo ano do colégio foi marcado por me apaixonar por meninos indevidos (pensando melhor, todos os homens que me envolvo são indevidos – salvo apenas meu ex-namorado que era um amor). Esse moreno de olhos verdes me fez pensar na minha primeira regra de sobrevivência, pois nunca imaginei que me envolveria com alguém comprometido. Quando nos conhecemos, ele era solteiro. Foi um amigo nosso que nos apresentou, com esse negócio de Orkut MSN e afins, essas coisas ficam bem mais fáceis. Mas acabou sendo um problema para mim. Esse meu amigo que nos apresentou era meu amigão mesmo e achava que ele combinava comigo e por isso nos apresentou. Eu o vi no Orkut e o achei super gato e gostei muito das comunidades que ele estava. Nós tínhamos muito em comum – menos a parte de “eu odeio Sandy e Junior” dele e “eu amo Sandy e Junior” meu -. Ele parecia um cara perfeito. Tão perfeito que achei que ele não existia, talvez fosse minha imaginação que deixasse ele perfeito, afinal, não tem condições de saber se a pessoa é sincera ou não por MSN. Começamos nos falar por telefone também. Mas nunca nos encontrávamos. De repente, em um final de semana, ele saiu com uma menina e começou a namorar. E eu estava já apaixonada por ele, ele sabia disso por que sempre falava que queria me encontrar com ele, abraçá-lo e olhar nos olhos dele. Nós éramos amigos suficientes para isso, independente do meu sentimento para com ele. E eu fiquei muito chateada. Arrasada. Continuei insistindo que nos encontrássemos, mas totalmente sem esperanças, só para olhar dentro de seus olhos e ter certeza de que ele não sentia a mesma coisa por mim. Só para ter certeza. Insisti tanto que ele cedeu. Estudávamos bem perto e um dia de jogos internos da minha escola eu fui até a dele. Estava quase chovendo. Pelo caminho inteiro andei com vontade de chorar, mas não consegui, eu estava feliz, acima de tudo. Ele veio tímido rezando para que ninguém nos visse, pois sua namorada estava dentro da escola e ia ficar triste de vê-lo conversando com outra menina. Seus olhos verdes eram ainda mais verdes ao vivo. Ele estava me hipnotizando. Ele era muito alto, talvez minha cabeça chagasse em seu peito, o que me fez ficar mais feliz ao nos abraçarmos, me senti protegida. Eu realmente gostava dele, e não era coisa pouca. Ele não estava tímido, estava morrendo de medo de alguém ver e contar pra namorada. Acho que ele não queria magoá-la, sabe?! Disse um “oi” bem meia boca e me dispensou rápido dizendo que eu ia pegar chuva. Eu fiquei triste com esse comentário por que eu não tinha medo de chuva e não era feita de açúcar, por isso ele não precisava se preocupar, mas eu ia embora mesmo, já tinha visto o que eu queria, ele realmente não era a mesma pessoa que eu era apaixonada. O problema é que isso não diminuiu o que eu sentia. Nessa época, ocorria na minha vida a chance de eu mudar para o interior para fazer o terceiro colegial e a faculdade. Cogitei a idéia desde que nada me prendesse aqui. E como a única pessoa que eu estava interessada não podia me prender, resolvi ir. Um mês antes de ir, resolvemos nos encontrar para se despedir. Fomos ao cinema. Desde antes mesmo de comprar nossos ingressos para assistir “Harry Potter e o Cálice de Fogo” já tínhamos nos beijado e minha paixão se tornou mais forte. Ficamos juntos no filme inteiro, nem assistimos. No fim do filme saímos de mãos dadas, esqueceu totalmente que eu não era a oficial dele, e sim a “outra”. Em algum momento estranho ele lembrou que tinha uma namorada e que ela não estava com ele e resolveu dar um telefonema para ela. Disse que ele estava com os amigos e que ia demorar. Ela disse algo como “eu te amo”, por que ele respondeu “eu também amo.” No mesmo momento que ele desligou com ela, sua mãe ligou e ele disse que estava com a namorada – oficial – dele. Burro, muito burro, mas tudo bem. Quando desligou, eu tirei muito sarro da cara dele e dos homens em geral. Porque ele não sabia mentir. Ele estava traindo a namorada e não sabia mentir, achei muito coisa de homem. Imagina se a menina liga para a casa dele e a mãe dele atende e fala “ué, ele não estava com você?”. Homens. Burros. Fomos embora com a sensação que isso nunca mais aconteceria, até porque eu estava quase me mudando. Continuei apaixonada por ele até aparecer outro indevido em minha vida. E por causa desse outro, não me mudei. Um ano depois, aproximadamente, ele estava solteiro de novo. Voltou a falar comigo por MSN e mandar mensagem no celular. Decidi me aproximar dele como amiga e nada mais, afinal, não teria condições de eu me envolver com um cara que traiu sua ex-namorada comigo. Convidou-me para ir ao cinema e eu decidi aceitar, pensando que se rolasse rolou se não, não teria problema nenhum. Conversamos bastante e não nos tocamos em nenhum momento. Até a hora do filme que ele pegou na minha mão e ficou acariciando. Quase no fim do filme, ele me beijou e não ia ser eu que ia cortar o barato dele, não é mesmo? Ficamos mais ou pouco no shopping e resolvemos ir embora. Como a casa dele era caminho da minha, dei uma carona para ele (sim, era menor de idade) e ficamos conversando na frente do portão dele. Conversamos um pouco sobre a primeira vez que ficamos, conversamos sobre varias coisas e nos amassando. Do nada, começou um papo estranho. Ele me perguntou se eu era virgem. Eu disse que sim. Totalmente verdade. Ele disse que era também. Achei estranho por ter namorado tanto tempo a ex dele, mas tudo bem. Eu achei estranho ele perguntar por que não tinha contexto algum e eu não achava que ele estava com intenção que perdêssemos as nossas juntos, naquele dia, dentro do carro, mesmo. Com aquela dúvida inerte, resolvi questionar o porquê. Ele respondeu sem nenhum tipo de censura, pudor ou ainda senso de ridículo dizendo que eu parecia um tanto quanto carente demais e que ele achava que eu precisava de um namorado, até para suprir desejos sexuais (dos quais NEM EU sabia que eu tinha tanto assim). E perguntou se minha carência não me fazia mal. Fiquei muda e imóvel. Do que ele estava falando eu não tinha idéia. Não sabia se ele tava me pedindo em namoro (que eu não ia aceitar por não confiar nele) ou se ele tava tentando me analisar ou se ele apenas estava tirando sarro da minha cara. E ele completou: seria bom um namorado para você fazer sexo com ele. Cara-de-pau. Quem disse que eu precisava fazer sexo? Nem minha terapeuta falava assim comigo. Fiquei incrédula com o que ouvi e fiquei com vontade de jogá-lo para fora do carro pela janela e ainda passar por cima dele com o carro. Eu não disse nada, se disse não me recordo. Só sei que fiquei ainda com mais raiva quando ele perguntou se eu sabia que nós éramos somente amigos. Eu disse que sim, e perguntei por que. Ele disse que não era para eu ficar pensando que estávamos ficando ou que tínhamos alguma coisa séria. Falei na hora que não confiava nele e mesmo que ele quisesse, eu não iria querer. Como se eu fosse louca de entregar minha virgindade para um cara que traiu sua namorada comigo mesma. Ele estava viajando. Eu entendo que ele poderia pensar que, como eu já fui apaixonada por ele, o sentimento voltaria. Mas a forma que ele disse aquilo tudo, foi muito baixo. Nunca mais quis ver a cara dele. Há um tempo, outro amigo meu me disse que achava que eu tinha feito sexo com ele. Por quê? Por que o cara-de-pau falou que tínhamos feito para ele e mais uns cinco amigos nossos. Peguei nojo dele, nunca mais quis olhar na cara dele. Uma pena, porque seus olhos verdes devem continuar mais verdes do que nunca.

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