Estou tão nervosa, já estou aqui dentro da sala de aula, já estou cansada por causa do trânsito, mas eu vim, eu tinha que vir. Quase desisti de vir, mas não poderia deixar de dar uma última oportunidade para o destino. Pensei que de repente, minha súplica da outra noite tivesse sido atendida, a de eu ter coragem, de poder dizer oi tudo bem, me dá seu telefone?
Mas não tenho essa coragem, não. Estou tão nervosa que tirei todo o esmalte da minha unha, imagina se eu for falar com ele e ao sorrir aparece um tequinho vermelho nos dentes?
O tempo está passando e eu: NADA. Nem coragem, nem criatividade, nem um tico de nada de assunto para poder puxar com ele. Estamos na aula de química e talvez ele saia, mas mesmo se ele sair, eu não vou conseguir fazer nada sem essas três prerrogativas.
As últimas aulas estão chegando, essa é minha última chance ou então terei que ter muita sorte... Muita. Eu acho melhor deixar para lá, eu não estou tendo coragem, mesmo.
Já fui tão humilhada quando eu puxei algum assunto com meninos que eu me “apaixonei” dessa maneira que se eu fosse mais uma fez, seria demais para mim. É claro que as chances de eu receber um não é cinqüenta por cento e um sim, também. Chances iguais, mas insegurança cem por cento.
Ele tá lá fora, agora, na penúltima aula, conversando com uma menina super-tosca-mór totalmente sem sal, mas a culpa é minha por não ter agido antes. Vocês acreditam que eles estão sentados na porta, igualzinho estava eu e ele nas minhas mais profundas imaginações.
Eu prefiro deixar para lá mesmo, preciso manter esse sentimento platônico mesmo para não perder toda essa magia!
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