quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Oliver

(antes de ler esse post, leia o primeiro post da série)
Era uma viagem longa de dezesseis horas de ida e outras de volta. Fui sozinha com minha melhor amiga e ficamos na casa de uns parentes dela numa cidade longe do centro. Ficaríamos uma semana, chegamos numa quarta na hora do almoço e iríamos embora noutra quinta à tarde. Tínhamos uns catorze anos e estávamos no auge do nosso espírito de aventura! No primeiro dia que chegamos, ficamos um pouco na rua ouvindo música e conversando. Estavam lá, na rua, dois meninos simpáticos que puxaram assunto com a gente. Chamaram-nos para ir a um bar e rejeitamos o convite. Conversamos muito e quando começou a ficar tarde resolvemos entrar para jantar e dormir. Tínhamos resolvido ir ao centro na manhã seguinte. No começo da noite seguinte eles apareceram de novo na rua e fomos andar com eles pelo bairro. Oliver estava encantado por mim, nas palavras dele, por eu ser diferente e descolada. Espantei-me pelo fato de ele ser assim também. Bem bonito, uma conversa bacana, gostava de algumas bandas que eu e minha amiga também. Ele se aproximou mais de mim e ficamos. Todos os dias sucederam assim: eu e minha amiga íamos para o centro de manhã, ficávamos lá o dia inteiro e quando voltávamos, não íamos para a casa direto, tinha uma praça onde passávamos o fim das tardes e à noite ficávamos na rua, em frente a casa. Depois de três dias, ficar com ele não estava mais sendo tão legal. Fui descobrindo que ele nem era tão compatível comigo e ele começou a falar, de repente, que estava apaixonado. Comecei a ficar entediada, fugia dele e chegou o dia de irmos embora. Ele até chorou. Eu não terminei com ele nem nada porque achava que já era subentendido que não íamos continuar juntos, afinal, eram dezesseis horas de distância. No dia que cheguei em casa, ele me ligou. Falou que já estava com saudades e que ia procurar um emprego aqui no meu estado, talvez na minha cidade. Eu disse que não era para ele tomar nenhuma decisão precipitada. Ele não entendeu nada. Nas outras vezes que ele me ligou eu não atendi. Uns dias depois saí com a mesma amiga e mais uma. E ele ligou. Quem atendeu não fui eu, foi minha outra amiga. Ele ficou falando com ela como se fosse eu, perguntou o que havia de errado porque ele – só para ele - me conhecia e sentia algo estranho rolando. Foi então que essa minha amiga que terminou com ele por mim. Disse, fingindo que era eu, que não dava para continuarmos juntos com tantos quilômetros de distância. Ela me disse que ele chorou e disse que estava tudo bem, mas que eu – no caso, ela – estava muito estranha. Claro que estava estranha, não era eu. Ele gostou mesmo de mim, foi bem carinhoso e chiclete. Ninguém é perfeito. Ele era legal, mas mesmo se morássemos perto, não ficaria com ele mesmo. Acho que desde pequena fui muito exigente.

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