quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Contos do mar.




          Parte das horas que estamos felizes está relacionada com aquilo que sempre sonhamos e se tornou realidade. A gente ouve música e assiste vídeos e pensa que nunca vai acontecer com a gente. É... talvez não aconteça porque “felizes para sempre” as vezes pode ser muito chato.




          Na ficção, também, não sei porque, os meninos e as meninas nunca tem muita personalidade, só fofura e beleza. Pra que queremos isso pra gente? Não sei, mas a gente quer. Um dia eu parei de querer isso, fui muito mais feliz a partir daí.
          Estava pensando nisso tudo enquanto eu andava pela praia no fim do ano. Passeava sozinha ouvindo músicas quase no pôr-do-sol, como toda vida real, nada parecia que iria acontecer.


          Enquanto o vento batia, eu sentia meus cabelos enrolados voando, algumas vezes eu até esquecia dos nós que tinham neles. O sol batia fraco, fazendo as marcas`de espinha no meu rosto não aparecer tanto. Isso tudo me fez me sentir bonita, o que pouco acontece.


          Fui pro mar molhar meus pés. Deixei meus irmãos lá na casa pra andar, pensei que podia encontrar alguém pra conversar, alguém da minha idade pra indicar músicas ou dar um beijo no pôr-do-sol, mas a realidade era boa, mas não era perfeita.


          Foi aí que eu percebi que não tinha problema não acontecer. Eu estava feliz, me sentindo bem e o que tem de mal não ter uma história romântica pra contar? Eu me sentia bonita e feliz de verdade. O que mais precisava?


          Então, resolvi sentar pra ouvir o mar, a música e ver o sol indo embora dormir. Pensei que tudo estava perfeito. Logo encontraria meus amigos pra beber e rir, o que mais eu precisava? Dei um sorriso pra mim mesma e fechei os olhos.


          Minha vida é ótima, pensei. Foi aí que alguém sentou ao meu lado. Abri os olhos num susto. Sorri pra ele, envergonhada. Ele me deu oi, eu respondi. Ele era bonito, tinha um sorriso lindo. Ele elogiou meu sorriso, tremi, enrubreci. Perguntou meu nome, respondi.


          Conversamos um pouco, ele se chamava João. Disse que me achou bonita. Talvez eu estivesse mesmo bonita, afinal, estava serena e contente. Mesmo que minha auto estima seja baixa, as vezes me acho bonita. A gente conversou por um tempo, até que eu percebi que os últimos raios de sol se escondiam.


          Ele continuou me elogiando, e eu morrendo de vergonha. Ele me apresentou os amigos dele, que estavam jogando bola ali no lado. Eu disse que já era hora de ir, mas não queria. Ele era divertido. Pediu meu telefone, eu dei. Ele disse que ia me ligar. Então me pediu um beijo, eu dei. 


          Ele me acompanhou até minha parte da praia, andamos de mãos dadas e tudo mais. Disse que ia me ligar mais tarde e me ligou. Saimos mais duas vezes enquanto estive de férias na praia, mas ele é do Rio e eu de São Paulo, então nunca mais nos vemos.


          Levei boas recordações, me diverti e olha que eu nem sou artista de filmes de amor, mas entendi que todos, até aqueles que nem se sentem tão perfeitos, podem viver um sonho que parece que não vai virar realidade... mesmo que não seja para sempre.

3 comentários:

Anônimo disse...

gabii!!
feliz 2010!! se eu já te desejei peerdao... é que to com a cabeça meio atarantada com tantos planos..

rsrs

amei o texto..
sempre quis fazer da minha vida uma comédia romantica, e as vezes até um filme disney.. e não parava pra pensar o qto uma vida previsivel poderia ser chata.. o quanto pessoas perfeitas podem ser monótonas e o qto as imperfeições são incríveis..
refleti bastante depois de ler.. e acho que vai me ajudar nas mudanças pra esse ano..
Vou tentar manter-me serena e sem antecipar situações e palavras.. e acima de tudo párar de imaginar os diálogos e o que vem a seguir... rsrs

valew!!
e td de bomm!!
mega beijoo!!

Gabi Pagliuca disse...

Uma dos melhores méritos é ler comentários como esse de cima, da Jana! :) Arrepiei.

Júnior Batista disse...

Amore, você também me fez refletir bastante.
Adoro uma história de amor, mas depois disto fiquei imaginando o quanto o imprevisível é maravilhoso.
Viver o presente é imperfeito. O imperfeito é delicioso, perigoso, o perfeito é previsível e chato.
Minha escritora preferida.
Amo você! ♥

 
Share |