Fato sabido: a maior parte dos adolescentes logo vai virar adulto, a outra parte vai morrer (o que é uma pena, mas cada um tem sua hora). O problema é que no começo dessa nova fase, adulta, a evolução intelectual parece ter que começar do zero, e isso é um esforço muito grande.
Quero explicar melhor esse negócio que acabei de dizer. O adulto tem muitas obrigações e preocupações, muitos “novos adultos” estão estudando e trabalhando ao mesmo tempo, tendo projetos saindo do forno e as pessoas cobram muito mais que eles se desenvolvam. Há estímulos para o “aproveitar a vida” o tempo inteiro etc. Portanto, começar a se preocupar com coisas que realmente importam fica bem mais difícil nesse ponto. Devíamos começar quando ainda não temos essas obrigações ainda: na adolescência.
É aí que entra minha indignação com a sociedade e a mídia atual. Para os adolescentes que ainda estão se desenvolvendo e sem muitas obrigações e cobranças, ao invés de nossos esforços juvenis estarem focados em pensar sobre a vida, o mundo, a sociedade e outras coisas realmente importantes para a evolução do homem, parece que a mídia só sabe mostrar o que a Lady Gaga está fazendo hoje, quem está namorando quem em Hollywood ou quem está saindo do BBB. Nem adianta falar que adulto também gosta – e muito – disso, pois eu não acabo de dizer (em outras palavras, as que eu comecei o texto) que os adultos são ex-adolescentes?
Muitas vezes já escutei pessoas dizer coisas, por exemplo: o adolescente não gosta de pensar, o adolescente não sabe pensar, o adolescente NÃO alguma coisa. E eu, particularmente, não concordo com nada disso. O adolescente gosta de pesquisar, gosta de conversar. Quanto tempo um garoto de 15 anos não fica no MSN conversando com os amigos, esperando e respondendo scraps no Orkut, replies no Twitter e perguntas no Formspring? E as meninas dessa idade no telefone com as amigas? Adolescente aprende com mais facilidade a mexer em novas tecnologias, se interessa por livros gigantescos e terminam em duas semanas, coisa impossível pra um adulto cheio de coisas pra fazer. Uma garotinha de 13 anos sabe de cor 5GB de memória de música e não mede esforço para tentar chegar perto do Di Ferrero do NxZero e ter a maior coleção de recortes de revistas, fotos e informações sobre o Restart, Hori e Cine da história das fãs dos mesmos... Então porque o adolescente não conseguiria pensar em coisas mais úteis? Nada contra o entretenimento, ou melhor dizendo: não que seja relevante para isso que quero dizer o que eu tenho contra o entretenimento, mas se essas pessoinhas começassem a pensar desde cedo sobre assuntos importantes, o mundo poderia estar bem melhor agora.
É claro que se colocar um livro sobre ética e uma televisão e pedir para que escolha, ele vai escolher a televisão, mesmo que ele fale depois: “que saco, não tem nada de bom passando em nenhum canal”, ele vai preferir a telinha. Mas é porque já estamos acostumados, e não porque realmente gostamos mais. Talvez se interessassem pelo livro, mas a falta de costume vai fazer escolher não ler porque simplesmente é mais fácil não pensar. E ler exige esforço. Ler faz ficarmos mais inteligentes. Ler é doloroso, mas é uma dor magnífica. Ah, inclusive, obrigada por chegar até aqui nesse post.
Se as energias gastas são as mesmas, então porque não tentar fazer esse grande interesse por tudo o que é efêmero e vazio se transformar em um interesse por coisas que realmente importa? Não vamos mudar os costumes do nada, mas a mídia até que poderia fazer a parte dela, não é? A mídia não foca no desenvolvimento intelectual do adolescente como deveria, parece que ela deixa isso de lado para tentar vender seus produtos e levar os adolescentes a ter necessidade de coisas materiais, e virar adultos alienados. Quanto mais coisa idiota a mídia passar para os jovens, mais adultos idiotas serão, com mais facilidade vai comprar e menos as pessoas poderão cobrar uma das outras (na verdade vai chegar um ponto que ninguém vai nem mesmo saber o que cobrar, de tão retardados que vamos ficar!).
O adolescente não escolhe ser alienado, ele é influenciado a isso. De quem é o papel de não aliená-los? NOSSO. Da mídia, do povo, dos políticos. Esses jovens não sabem ainda o que querem e é a gente que vai mostrar as opções. Se essa merda de mídia atual só mostra coisa ruim, é coisa ruim que eles terão e buscarão no Google.
Na minha opinião, o mundo tá como está porque os adolescentes não são bem instruídos e quando viram adultos, querem continuar com a facilidade da vida que tinham 10 anos antes, então como cobrar que as novas gerações votem nos políticos certos, descubram novos métodos de bem-estar, pratiquem mais a solidariedade ou simplesmente que leiam mais?
Eu queria mudar. É por isso que eu resolvi ser jornalista de adolescente. Tentar mudar esse cenário nojento e sem imaginação que há na mídia de hoje. Televisão, vídeo game, internet e telefone não são necessidades prioritárias de uma pessoa, já que 1) nem todo mundo usa 2) nem sempre existiu. Se fosse vital, o que as pessoas que não usam isso iriam fazer? Desculpem a sinceridade.
Recadinho mano-a-mano:
9 comentários:
Então gabi concordo com seu ponto de vista.
Digo por mim mesma. Nunca gostei ler, preferia muito mais ficar numa tv, computador a ler seque uma página de revista, ou só lia se fosse sobre fofocas.
Com o tempo o incentivo de minha mãe e meu irmao me fizeram AMAR a leitura e comecei com livros de fantasias e os amo até hoje.
A galerinha tem que ler mais.
Essa semana reouvi uma frase na rádio pela manha, que falava assim: "Nenhum proveito se tira da ignorância, até pra perguntar é preciso saber" Por Mesias Carvalho.
Quando era menor eu sempre a ouvia ao ir para o colégio todas as manhas, mas nunca tive o entendimento dela. Agora consigo entender e concordo plenamente.
Vlw gabii amei o texto. bjs
Penso assim, que não só os adolescentes são influenciados, mas também as pessoas de classes "D" e "E".
Falo em todos os níveis, pois tanto o adolescente como uma pessoa que possui pouco senso crítico é levada pela emoção e pelo o que lhe é mostrado como a "realidade".
Os veículos de comunicação vomitam em nossas faces o que elas querem que saibamos, cabe a nós não ligarmos para isso.
A TV é um belo exemplo de cultura de massa. BBB, notícias de tragédias aos montes, Pânico na TV, Zorra Total e assim vai.
Enfim, a mídia sabe como mexer com a emoção dos adolescentes e outros, basta a pessoa enxergar o que de real é transmitido à ela.
A mídia é só um meio, o grande problema é mais além: tá na corrupção, na ganância por poder/dinheiro. Instruir as pessoas pode fazer com que elas pensem e percebam que: o que é oferecido a elas carece de qualidade e influencia negativamente na população. O interesse próprio é posto em primeiro lugar, e educar uma "penca" de adolescentes fervoros e cheio de vontade de mudar pode comprometer com o status de poderosos que fazem essa mídia. Como a Gabi afirmou que estuda jornalismo para mudar essa situação. Que esse espírito contagie à todos!
Infelizmente a indústria cultural vem se alimentando de alienação alheia. E quer público mais lucrativo do que os adolescentes? São eles que sentem necessidade de ter o tênis da moda porque a turminha do colégio também tem. São eles que leem os livros da moda e assistem os filmes da moda porque todo mundo está lendo.
O que explicaria sucessos como Crepúsculo.
A nova mídia visa o capital e o retorno imediato de recursos, pouco importa formar cidadãos conscientes que no futuro os vão questionar.
É simplesmente um cenário de terror. \O/ Corram para as montanhas!
Belíssimo texto, Pagliuca!
Ficou extenso, mas não foi cansativo de ler. A ideia fluiu muito bem. Orgulho de minha amiga.
Beijo.
(Respondendo o comentário da Ester Criscuolo:MEU, O MESSIAS CARVALHO É DEMAIS! AMO A CRÔNICA DO DIA COM ANTÔNIO DE MEDEIROS.)
Gabi,
concordo com você, realmente vivemos num mundo capitalista ao extremo e muito alienado, avesso a aprimorar suas inteligências e desenvolver seus talentos!
Parabéns mais uma vez, você provou que as coisas podem mudar, a começar por nós, jovens estudantes de jornalismo!
Parabéns pelo post; concordo.
Baaaby, mais uma vez arrazando!
Concordo com você plenamente, informação sendo transformada em produto está aos montes, ninguém mais sabe como é "ler um livro de muitas páginas em duas semanas".
O adestramento de adolescentes e cada vez maior e o interesse pelo entretenimento vazio, sem informação de entretenimento é muito difícil de se encontrar.
Parabenizo você pela vontade de mudar, o espírito do jornalismo está em você!
Boa sorte na sua luta.
Faço minhas as palavras do Isaque, me orgulho de ter você como minha amiga.
Grande beijo.
Prometo que vou tentar criar uma adolescente melhor! :) Que responsaaaaaaaaa!
Sinceramente concordo com tudo o que foi dito.Parabens pela inicativa de mostrar á verdade na cara dura de quem só pensa em dinheiro.O PIOR é que a tendência é só aumentar, já que a politica e a midia está tirando o direito da familia em educar os nossos filhos, simplesmente bombardeando-os por meio da internet, revistas, jornais , tv ], e propagando um estilo de vida baseado no comsumo e na necessidade de viver o momento,de ter coisas para compensar a falta de amor que está faltando nos pais de hoje para com os seus filhos.Mais e mais pessoas estão percebendo isto e lutarão para desfazer as merdas que esses empresarios e politicos gananciosos estao fazendo.A nossa sociedade está doente há muito tempo, estamos na uti.Não é possivel que as pessoas se destruam umas as outras por causa de uma centena de pessoas doentes, que acham que seus milhoes valem mais do que vidas humanas.MERDA DE MUNDO ATUAL.ESTAMOS CRIANDO DROGADOS, PROSTITUTAS,INVEJOSOS, EGOISTAS....SE FOR PRA ACABAR ESSe MUNDO , QUE ACABE RAPIDO, POIS NÃO AGUENTO MAIS VER TANTA GENTE SOFRER E SIMPLESMENTE FAZER POUCA COISA POR essas pessoas.
almirfilho0@hotmail.com
Abraços!
A maioria das pessoas de hoje tem vergonha na aceitação da verdade, por que a verdade revela o verdadeiro estado em que elas se encontram, que consiste na falta de virtudes, na falta de metas e na falta de amor proprio e para com os outros.
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