Semana passada
resolvi que eu deveria voltar ler notícias, ver telejornal... Há meses me desvio
desse tipo de informação. "Que menina chata", pensei certa vez, "não sei dos assuntos atuais para conversar com meus amigos". Então, apesar de ter
sempre opinião sobre tudo [hehe], achei que poderia ser legal entrar num site
jornalístico.
Acessei um
portal de notícias e variedades, daqueles conhecidos, com muita coisa escrita, publicidade, cores fortes... As notícias que me
chamaram atenção foram o filho do cantor Leonardo gravemente ferido e cinco
jovens que haviam morrido, os dois casos por causa
de acidente de carro.
Li
a notícia do cantor e pensei, meio triste, "espero que ele esteja bem, que
ele se recupere". Abri a notícia sobre os jovens. Chorei. Fiquei nervosa.
Tremi. Pensei que podiam ser meus amigos. Fechei sem ler até o final,
eles tinham morrido, não era novela ou outro tipo de ficção, para esse tipo de
coisa não existe "Ctrl+Z". Fechei o navegador depois de me arrepender
de ter aberto.
Isso
sempre acontece comigo. Não sou a mais informada da turma, por que odeio ficar vendo notícia ruim, lendo
coisas sobre famosos, assistir programas de TV e me dá agonia
de ver como o jornalismo é.
Agora pouco cheguei
em casa e sentei na sala para carregar meu celular, na TV passava o ex-gordo
zoando um gordinho [eufemismo] que havia caído de cara num carro, no quadro de
cassetadas. Uma, ao meu ver, sacanagem que já dura décadas [pelo menos umas
duas, né?!]. Nunca vi graça nesse quadro, acho que isso é rir da desgraça do
outro e muita falta de coisa pra fazer.
No momento
estou na cozinha enquanto passa o programa dominical das 21h na TV Plin Plin,
realmente é um programa como o nome descreve... Fantasticamente pesado, como
todos os outros do canal, concorrência e outros veículos. Apesar da racional vontade de não ver e lutar contra isso, eu passo pela sala e fico olhando, começa a me dá agonia e volto pra cozinha. Isso aconteceu umas 3 vezes. Ou seja, eu tenho que lutar conscientemente para não ficar ali, porque toda aquela linguagem realmente seduz.
Não só me
incomoda pela parte fútil, pela parte que as pessoas trocam bons momentos de
leitura por momento de estupidez, isso
eu já me acostumei e não tenho nem vontade de convencer ninguém do oposto [fora
que sei do potencial que eles - a Tv e o telecpectador - têm é de fazer algo fantasticamente bom].
O que me
incomoda é a parte da tragédia, do drama. O programa de TV também falou sobre o
filho do cantor, eu estava colocando meu celular pra carregar e nesse meio tempo minha cunhada entrou na sala perguntando
"ele morreu?", e apesar de ter sido bem legal a TV ter feito essa
matéria ele estando vivo, é também muito chato pensar que esse tipo de matéria
costuma ser feita quando a pessoa bate as botas.
A sedução da
tragédia me incomoda fortemente. Eu não
consigo ficar leve com esse tipo de notícia ao meu redor. E é só tragédia ou
besteira. Fico com meu coração e meu estômago apertados, tenho vontade de
chorar, me arrepia.
A gente
aprende que as notícias vinculadas nas mídias [devem] ter relevância e ser
interesse público... mas sei lá, se alguém me perguntasse, isso seria
totalmente irrelevante para mim. Se não fosse o costume, aposto que as pessoas não
gostariam também.
Pior que essa
cultura faz que as coisas do dia a dia
que são esfregadas na nossas caras passem despercebidos. Quantas vezes passamos por gente dormindo na
rua e nem vemos? Não dá pra saber, eles costumam ser invisíveis aos que já
estão calejados com tragédia.
Eu concluo, portanto,
que apesar do meu pequeno esforço de querer me manter informada, como eu tenho
o livro arbítrio e "os incomodados que se mudem", eu posso sim ter a
escolha de ser ou não [esse tipo de] informada e não me sentir mal por isso.
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