quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Fúria Fila


Hoje, pela primeira vez em muito tempo, eu tive oportunidade de mudar alguma coisa ou até, quem sabe, uma pessoa. A situação, não incomum em todos os lugares, foi a seguinte: estava escolhendo meu lanche, na fila. Quando eu cheguei devia ter umas cinco pessoas antes de mim, mas várias pessoas com essas cinco, então, não dava pra saber, realmente, quantas pessoas estavam na minha frente.

A mocinha que estava logo antes de mim, estava terminando de fazer seu pedido quando uma “ADJETIVO MUITO FEIO” veio correndo e parou ao lado da mocinha, que já estava quase saindo da fila. Pensei: ela vai dar o dinheiro trocado para a amiga para ela comprar um Trident e vai ficar tudo bem. O problema é que a moça ignorou a amiga e foi fazendo o pedido para a atendente, tirando uma nota de R$20,00 do bolso.

Foi então que eu falei: Você é folgada, heim. E ela achando que estava fazendo bonito disse toda “meiga”: “ah, é que minha amiga estava aqui e... Posso?”

Não. Não pode, sua trouxa!! Sabe por que não pode? Por que o Brasil não está precisando de mais gente desse jeito. Hoje é furando uma fila de cantina, amanhã, quem sabe, dando um “jeitinho” de conseguir alguma coisa, como por exemplo, uma carteira de habilitação. Não pode furar fila por que não pode! Por que atrasa a vida das pessoas que entraram na fila antes de você. E vai ter um pão-de-batata a menos e alguém que entrou na fila antes de você pode ficar sem. Otária! Sua mãe não te ensinou que furar fila é feio?

Eu me senti roubada, pra falar a verdade. Como o dia que me roubaram a carteira, roubaram minha vez. Roubar é crime. E por que roubar a vez não é? Você vai para o fim da fila e nunca mais vai usar essa sua cara-de-pau para furar a fila de ninguém.

Só que eu me omiti. Não consegui dizer tudo isso. Só disse, com uma cara de indignada, “pode né?! Você já está aqui.” Enfim, a culpa foi minha. Eu a deixei passar. Talvez fui mais errada do que ela. Pior do que fazer um ato errado é olhar de fora e não dizer nada.

Por que será? Será que já estamos acostumados com a maldade que quando vemos uma, achamos normal? Ou pensei que não ia fazer diferença nenhuma? Eu quero dizer, é só uma furada de fila na cantina, não é o fim do mundo. Mas é claro que iria fazer diferença.

Estamos, sim, acostumados com isso tudo. Violência, maldade e trapaças que não percebemos que isso tudo é causado por descaso ou medo dos próprios cidadãos. Descaso em achar que isso ou aquilo não nos afeta. Medo por que os maus são muito maus. Sabe, aquele bordão “um por todos e todos por um”? Deveria ser para nossas coisas do dia-a-dia. Eu te ajudo e você me ajuda e assim o bem poderia vencer.

E a coisa certa a fazer está nas mãos de todos nós, ou melhor, no meu caso, o certo estava em minhas mãos. Se arrependimento matasse, estaria mortinha-da-silva. Nossa parte é mais do que não fazer maldade. Nós temos que não fazer o mal, fazer muito o bem e jamais se omitir. E isso serve para qualquer coisa: se você vê uma senhora jogando papel no chão, diga a ela: “senhora, você deixou cair um papelzinho no chão. Se é lixo, tem uma lixeira ali, oh”.

Eu deveria ter pensado nisso tudo antes de responder pra moça, eu deveria ter deixado ela para o fim da fila, ela pensaria nisso tudo o que eu disse ou no mínimo, ficaria puta da vida comigo. Se eu encontrasse aquela vadia de novo na minha frente, esfregaria tudo isso na cara dela. Acho que a chamaria de todos os nomes feios que conheço e ela nunca pensaria mais em furar a fila.

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